Escrever é físico

Matéria publicada no Segundo Caderno de Zero Hora, na edição de 20 de fevereiro, trouxe o depoimento de diversos escritores sobre o ato de escrever. Dentre eles, o que mais me chamou a atenção foi o escritor norte-americano Paul Auster. Algo de identificação, pois também acredito que a escrita, a boa escrita, provém de muito trabalho. É a labuta diária do jornalista, do escritor.


“Para mim, escrever é físico. Sempre tenho a impressão de que as palavras estão saindo do meu corpo e não apenas da minha mente. Eu escrevo à mão e a caneta está arranhando as palavras na página. Posso até ouvir as palavras sendo escritas. Muito do esforço em escrever prosa, para mim, está ligado a criar sentenças que capturem a música que ouço na minha cabeça. Demanda um bocado de trabalho, escrever, escrever e reescrever até captar a música exatamente como você quer que ela seja. Essa música é uma força física. Você não apenas escreve livros fisicamente, mas também os lê fisicamente. Há algo sobre os ritmos da linguagem que corresponde aos ritmos dos nossos próprios corpos” Paul Auster


A única diferença, claro além de não ser autora de best-selleres, é que no meu caso costumo trocar a caneta pelo bom e velho lápis.

Mago dos Sons


O carnaval sempre rende boas histórias. Quando a elas se junta uma trilha sonora, então. Foi o que aconteceu na terça-feira gorda, quando nos deparamos com um atelier de instrumentos musicais na estrada próxima à praia da Armação. O lugar simples abriga uma figuraça chamada Crono. De nacionalidade indefinida, que suscita dúvidas pelo sotaque castelhano, diz-se nativo da ilha.

Não poderíamos ter sido mais bem recebidos. À disposição uma grande quantidade de instrumentos de percussão. Todos produzidos manualmente pelo próprio Crono mais dois ou três ajudantes. Tambores, pandeiros, afoxés, berimbaus e tantos outros. Cada um com uma sonoridade diferente e bela. Ou exótica como a do violino africano. Um encanto!

Depois de uma batucada coletiva, nos despedimos do mago dos sons e voltamos para casa com gostinho de quero mais.

Ah! O doc-músico-produtor não resistiu e levou um deles. O nome eu não sei, mas o efeito de reproduzir o barulho de tempestade é incrível.

Um paraíso chamado Lagoinha do Leste



Uma hora e meia de caminhada em meio a uma mata fechada e muito calor. Este é o ônus para se chegar a um pequeno paraíso chamado Lagoinha do Leste. A praia, uma das tantas localizadas em Florianópolis, fica na parte sul da ilha e só é acessível por trilha com saída da Armação ou de Pântano do Sul. Escolhemos a segunda opção. Depois de um trecho bastante árduo, de subida e descida íngremes, a paisagem é recompensadora.

No topo do morro, um mirante proporciona vista privilegiada do mar do Pântano do Sul. Abaixo, podemos avistar o destino: Lagoinha do Leste. Uma praia peculiar onde o banhista pode trocar o mar geladíssimo, naquela segunda de carnaval em torno de dez graus, pelas águas de temperatura amena da lagoa, cuja quantidade de cardumes tanto de pequenos peixinhos quanto de outros um pouco maiores fizeram a diversão das crianças (todas balzaquianas ou próximas a isso). Lembrei da frase de um amigo recente que conheci no acampamento da juventude: “Me encontrei naquele lugar”. E não é difícil!

Mais uma bela surpresa da Ilha da Magia. Sem ambulantes, jogo de bola ou pestinhas te jogando areia. Um paraíso, simplesmente.
O sonho de todo o porto-alegrense é passar o carnaval na praia. Ainda mais se o mar estiver além das fronteiras do nosso rincão. Ficar alguns dias na bela ilha catarinense, porém, tornou-se um tormento. Para ir a Floripa, distante 450 quilômetros da capital gaúcha, desperdiça-se mais de dez horas. Bom, mas é claro que a água límpida e as belas paisagens de Santa nos fazem superar o trauma.

As demais histórias referentes aos dias da folia de Momo serão contadas em breve.

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P.S: Mais arrastada que a viagem só mesmo as obras da BR101. Ô presidente, tá de doer, né.

Nasceu, finalmente

Não poderia haver expressão melhor para definir algo longamente gestado. Caso desse blog, cuja criação foi planejada durante meses. E adiada, muitas vezes, por ter sua humilde autora declinado da ideia. Afinal, a quem interessaria? A não ser a alguns poucos amigos com os quais compartilhei meus escritos, quase sempre produzidos à lápis em pequenos pedaços de papel.

A partir de agora, eles estarão na rede. À mercê de quem quer que seja. Disponível para quem tiver paciência de ler algumas palavras soltas, assim como as libélulas no céu que denominam esse espaço, mas que para mim, de certa forma, fazem algum sentido.

Sejam todos bem-vindos!