Música de Brinquedo

Adoro dar presentes. Talvez, por esse motivo, sempre ocupei o posto de compradora oficial desses pequenos mimos. Seja agora no setor de imprensa da Câmara, ou nos idos anos 1990, quando dispondo de parcos recursos nos reuníamos para dar presentes a cada uma das meninas do sexteto em seus aniversários. Acostumada a garimpar novidades, especialmente as musicais, sugeri o CD de uma banda recém-lançada chamada Pato Fu. Bom, o caso é que músicas como “Vida Imbecil”, “Sobre o Tempo”, “Qualquer Bobagem” e “Vida de Operário” – do disco Gol de Quem? (1994) - tornaram-se trilha sonora diária.
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A lembrança me veio ao escutar o novo trabalho do grupo mineiro. Música de Brinquedo (2010) alia o bom-humor e a sutileza da vocalista Fernanda Takai à criatividade de John Ulhoa e companhia, que a acompanham tocando instrumentos infantis. Fazendo uma releitura de clássicos com saxofone de plástico, caixinha de música, xilofone colorido, pianinho, violões e guitarras em miniatura, bichinhos sonoros, tudo literalmente de brinquedo.



 
A aventura tem ainda a participação especial de três pimpolhos: Nina (filha de Fernanda e John), Matheus e Mariana. Muito fofo é ver as figurinhas fazendo caras e bocas no making of divulgado pela banda. E ainda a Nina, de seis anos, na música “Todos Estão Surdos”, dizendo que “esta frase vive nos cabelos encoracolados das cucas maravilhosas”.

Diferente e lúdico. Vale a pena conferir!



Músicas do CD:
– Primavera (Vai Chuva) (Cassiano, Sílvio Rochael)
– Sonífera Ilha (Branco Mello, Marcelo Fromer, Toni Bellotto, Ciro Pessoa, Carlos Barmak)
– Rock And Roll Lullaby (Cynthia Weil, Barry Mann)
– Frevo Mulher (Zé Ramalho)

– Ovelha Negra (Rita Lee)
– Todos Estão Surdos (Roberto Carlos, Erasmo Carlos)
– Live And Let Die (Paul McCartney, Linda McCartney)
– Pelo Interfone (Ritchie, Bernardo Vilhena)
– Twiggy Twiggy (Lalo Schifrin, Hal David, Burt Bacharach, Morton Stevens, Nanako Sato)
– My Girl (Smokey Robinson, Ronald White)
– Ska (Herbert Vianna)
– Love Me Tender (Elvis Presley, Vera Matson)

Após a pós

Aprovado com grau 10 na última terça-feira, “O peão, o candidato e o filho do Brasil: o cinema na construção do imaginário de Lula” é um árduo trabalho de pesquisa, minha monografia de conclusão do curso de pós-graduação em História, Comunicação e Memória do Brasil Contemporâneo.
Aliviada, após meses de dedicação, correria e de dúvidas quanto à metodologia, sei que todo o esforço valeu a pena.

Um ano e meio realmente passou voando. Agora acabou! As discussões entre jornalistas e historiadores e todo o aprendizado, entretanto, estes permanecerão na memória. Além, é claro, dos queridos colegas e das festinhas promovidas pela turma a cada final de disciplina.


Humberto, Flach, Tati, euzinha, Nazi, Pri, Ralfe, Cris, Enécio, Fernanda, Camila

Se fazer o trabalho de conclusão de curso foi uma tarefa difícil e desgastante, muito mais do que na época da graduação, esta nova incursão semiótica e o estudo mais aprofundado sobre cinema, porém, despertam em mim a vontade de seguir adiante. Não passei impune por essa experiência, o bichinho da academia (e do cinema) mais uma vez inoculou o seu veneno.

“Cada arte tem o seu próprio significado poético, e o cinema não constitui
exceção: ele tem a sua função particular, o seu próprio destino, e nasceu para dar expressão a uma esfera específica da vida, cujo significado ainda não encontrara expressão em nenhum das formas de arte existentes”.
                                                                                               Andrei Tarkovski

A ideia de fazer um mestrado, por enquanto, vai ter que esperar. O momento é de relaxar a mente, descansar o corpo e, principalmente, de comemorar. E também de desengavetar projetos e de fazer todas as coisas que prometi para depois de 16 de agosto (a lista é interminável). Sem esquecer de agradecer àqueles que participaram desse processo.

Agradeço a minha mãe, Ana, por mais uma vez me incentivar a seguir adiante;
Ao meu orientador, Humberto Keske, pelo apoio, aprendizado e por uma nova incursão semiótica;
À amiga e colega Tati Lopes pela parceria pessoal e profissional e pelos momentos de alegria e tristeza com ela compartilhados;
À amiga Maíra Kiefer pelo auxílio nas correções e por atender às minhas demandas de última hora, com a disponibilidade e o carinho de sempre;
Em especial, ao meu querido André pela paciência, companheirismo e por fazer parte desta conquista.

Pelo fim do silêncio

Faço aqui um manifesto!

A ideia é protestar pelo fim do silêncio. Pelo fim das palavras não ditas, daquelas que nos engasgam a alma. Há tempos decidi falar. Deixar incurada a verborragia que me assola.

Proferidas no calor da hora, podem por vezes soar intragáveis, difíceis de digerir. Mas o que dizer da quietude densa, incômoda, que nos enche de dúvidas e inseguranças?


Por vezes a palavra representa um modo mais acertado 
de se calar do que o silêncio”.
                                                        Simone de Beauvoir

Sigo conjungando verbos, articulando pronomes, concordando adjetivos. Tantos quantos julgar necessário. E era isso.

Memória eleitoral

Em dias de imersão nas teorias e conceitos sobre mitos e imaginário, relembro fatos e momentos marcantes da política nacional ocorridos nas últimas décadas. Ao longo dos anos, minha memória, especialmente a musical, acumulou uma dezena de jingles e também slogans de candidatos às esferas municipal, estadual e federal.

Confesso que acompanhar o dia a dia de uma casa legislativa, de certa maneira, tem me decepcionado. É a confirmação da mediocridade que permeia o fazer político, mas que felizmente não se estende a toda categoria. Pior, considero, são aqueles que gritam aos quatro ventos que odeiam a política. Como se suas vidas, não tivessem nenhuma ligação com atos governamentais ou com a burocracia do Estado.

                                                                              O Analfabeto Político
                                                                                       Bertold Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

A proximidade das eleições gerais deste ano faz acender em mim o antigo gosto pela coisa. E mesmo que a esperança e a torcida por esse ou aquele candidato não tenham a intensidade de antes, seguirei acompanhando, com gosto, debates e programas eleitorais. Quanto às pesquisas? Ah, essas é melhor ficarmos sempre com os dois pés atrás.