As libélulas estão de volta

Descaso. Essa é a palavra que define a atitude, ou melhor, falta de atitude de uma jornalista com seu próprio blog. A contar do último post, foram mais de seis meses de silêncio. Sem uma palavra, uma fotinho sequer... Mas não pensem que as libélulas não estavam por aqui, querendo alçar voo. Muitas e muitas vezes tive vontade de escrever, ensaiei mentalmente alguns prólogos. Faltou-me tempo e também atitude.


Muitas coisas aconteceram nesses últimos meses. Mais trabalho, muito mais responsabilidades e bastante dedicação. Do início permeado de incertezas, há pouco obtive algumas respostas de que estamos no caminho certo. A batalha, porém, é árdua e contínua.

Embora as atividades profissionais tenham se sobressaído às demais nesse período, muita coisa bacana aconteceu fora da abrangência do legislativo hamburguense. As férias no Uruguai, por exemplo, encontros com amigos, conversas em mesas de bar, projetos que ainda estão no papel, planos para o futuro. Ficou para trás, no entanto, a vontade de transformar isso em milhares e milhares de caracteres.

Retornarei aos poucos. Conforme a escassez do tempo, dividido entre Porto Alegre e Novo Hamburgo, o pequeno refúgio da Santana e a república são-luizense, permitir.

Gato escaldado


Já diz o ditado: gato escaldado tem medo de água fria. A metáfora, obviamente, não diz respeito aos felinos, mas aos humanos, que a qualquer sinal de intempéries já se armam de suas proteções.

Quem nunca fez uma grande burrada, sofreu uma decepção amorosa, teve uma ideia brilhante – que não passava de um pensamento estapafúrdio? Situações que hoje nos fazem pensar 359 vezes na hora de agir, de falar. Que vão criando barreiras até formarmos uma carapaça quase que impenetrável.

As vezes, porém, esse escudo que carregamos nos torna tão pesados que nos impede de seguir adiante. Por isso, chega um momento em que devemos nos livrar dessa carga. De mandar às favas as convenções e o bom comportamento. De dizer o indizível e de publicar o impublicável.

Então, é Natal?

Sei que prometi mais fotos e textos do Rio, daquelas curtas e merecidas férias, mas não deu. Fui vencida por uma série de compromissos, trabalhos extras, tarefas domésticas e outras atividades que fazem com que entremos em uma roda-viva todo o final de ano.
 
Confraternizações, amigos secretos, compras e um corre-corre danado para dar conta de tudo o que ficou para trás nos últimos 11 meses. Na minha família, a coisa complica ainda mais. A uma semana do Natal, há quatro dias seguidos de aniversários - incluído o meu no dia 19 e o do namor, em 26, que sempre requer um presente especial. E mais outros tantos ao longo do mês. Para piorar, o tão esperado recesso, com o qual já havia me acostumado nos últimos três anos, foi para as cucuias.

Ah, tiveram também eventos extras neste mês de dezembro: de velório a batizado, passando por check in do cachorro no hotel, diversas idas aos shoppings e a elaboração de um projeto de comunicação. Praticamente uma gincana.

A correria completou-se no dia D – a véspera natalina. Plantão na Imprensa da Câmara (com o segundo andar do prédio do Legislativo totalmente às moscas), presentes de última hora e uma manicure à beira de um ataque de nervos. Ela, por sinal, foi quem me serviu de inspiração para este post.

16h30min. No horário marcado, cheguei ao salão para “fazer o pé”. Sorridente, a dona do estabelecimento abriu-me a porta e pediu que eu esperasse um pouco. “Tranqüilo”, pensei. Enquanto folheava uma revista com notícias velhas e “importantíssimas” sobre a vida de artistas e algumas subcelebridades, comecei a prestar atenção na manicure, a quem eu aguardava pacientemente para ser atendida.

A aproximação só confirmou minhas suspeitas: ela estava estressada, praticamente histérica. Será que deveria entregar meus ricos pés àquela pessoa? Bom, o lance era relaxar e rezar para que ela não me tirasse nenhum “bife” ou resolvesse usar a espátula para cometer um homicídio com o primeiro que lhe cruzasse a frente (no caso, eu).

O rosto dela dizia tudo, estava acabada. Queixou-se de dores no corpo, ocasionadas pela longa jornada de trabalho dos últimos dias, da corrida contra o relógio para atender a todas e da indecisão das clientes na hora de escolherem que esmalte usar. Ao final, pediu desculpas, deu-me um abraço e desejou feliz Natal.

Confesso que tive pena dela. Pensei em todas essas pessoas atrás do balcão. Não só nos comerciários, que estão na linha de frente para aplacar essa insanidade consumista do período que antecede as festas de final de ano, mas em todos que atuam no setor de serviços: garçons, mecânicos, taxistas, cabeleireiras e, claro, as manicures.


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Ah, a gincana natalina não acabou por aí. Na sequência teve visita aos Machado – para o aniver da minha madrinha, ceia em família, temporal que quase alagou Porto Alegre e mais festinha no Opinião. A brincadeira terminou às 7h do dia seguinte. Depois de poucas horas de sono, 300 quilômetros de estrada rumo a Passo Fundo.

Num clique

Com o recurso de panorâmica dá para fazer umas fotos bem legais. Todas essas, porém, têm o mesmo crédito: André Ferreira. 
Não consegui coordenar muito bem o ponto de junção das imagens. 
Tudo o que é bom dura pouco. Assim foram as minhas férias, passaram num clique. Na verdade, não foi apenas um. Foram centenas de cliques. Imagens capturadas entre erros e acertos (testando o brinquedinho novo), mas que certamente guardam boas lembranças desses momentos.


Até então, havia me faltado tempo e coragem para escrever. Confesso que, diante do mar azul de Copacabana, rabisquei alguma coisa. Impressões dos poucos dias vividos na Cidade Maravilhosa. Em breve, mais fotos e relatos de alguns locais que visitamos.
Lápis e papel na mão: eis a prova

É Primavera (vai chuva)

Insosso. Este é o adjetivo que define os últimos dias do finado inverno 2010, que felizmente se encerrou nesta chuvosa quinta-feira, 23. Embora a primavera não tenha dado o ar de sua graça, sei que não tardará. Logo os dias serão maiores do que as noites, Ipês roxos e amarelos se encherão de flores e os Jacarandás da Praça da Alfândega anunciarão a proximidade de mais uma Feira do Livro.

A cada ano, o inverno me é mais incômodo, com suas tediosas tardes cinzentas e finais de semanas inteiros de aguaceiro. Chuva que não acaba mais. Deixando o clima de lado, há também uma série de por fazeres que, certamente, trariam mais sabor às inúmeras horas perdidas, em que a preguiça impera.

Agora, entretanto, tudo será diferente! É tempo de tirar o mofo e de guardar as roupas de lã na barrica. De sentir o perfume dos lírios e admirar as cores das rosas, azaléias, três marias e tantas outras flores. De ajustar os ponteiros para o horário de verão, de comemorar a chegada das férias e de mais um recesso parlamentar na megalópole hamburguense (se Jesus permitir, é claro).


Há também os planos. Aqueles que hibernaram durante meses e que agora estão prontos a serem executados, seja no sentido de realizá-los ou de assassiná-los de vez.
O inverno acabou. Resta agora cessarem as chuvas. Aquelas que tornam a empoçar sentimentos, represados em meio a precipitações e lágrimas. Sensação de déjà vu ou apenas rabugice de estar úmido até os ossos?

Tempo de minh'alma

Em meio a teses, histórias e historiografia acerca do jornalismo, os pensamentos correm à solta. Vem-me a reflexão dos dias frios e chuvosos que antecederam as férias. Ora, o tempo continua instável. Na última semana teve variação de mais de 20 graus. O tempo da minha alma, porém, é outro. Bem mais leve e ensolarado que outrora.

Tudo o que antes me era incômodo agora jaz no fundo das gavetas. Não em espaços físicos, mas naquelas que ficam devidamente arquivadas nos confins da nossa mente. De acesso mais difícil e atribuição de aos poucos transformar lembranças em imagens insípidas, incolores e inodoras.

As aulas me inspiram. Suscitam a vontade de externar o que dificilmente se revela verbalmente. Mas, de acordo com minhas queridas convivas, através de olhares ou caras de incógnita. Entre risos e letras de música que, diga-se de passagem, situam-se na prateleira mais acessível e estão sempre ao meu alcance.

Volto ao convívio acadêmico tal qual a criança que retorna das férias (passadas em alguma praia, fazenda ou na casa dos avós) cheia de histórias felizes, curiosas, engraçadas e até ridículas. Muitas delas com o mesmo viés infantil de início, meio e fim. Outras, entretanto, que certamente terão desdobramentos.

*Escrito em 21 de agosto de 2009. 

Música de Brinquedo

Adoro dar presentes. Talvez, por esse motivo, sempre ocupei o posto de compradora oficial desses pequenos mimos. Seja agora no setor de imprensa da Câmara, ou nos idos anos 1990, quando dispondo de parcos recursos nos reuníamos para dar presentes a cada uma das meninas do sexteto em seus aniversários. Acostumada a garimpar novidades, especialmente as musicais, sugeri o CD de uma banda recém-lançada chamada Pato Fu. Bom, o caso é que músicas como “Vida Imbecil”, “Sobre o Tempo”, “Qualquer Bobagem” e “Vida de Operário” – do disco Gol de Quem? (1994) - tornaram-se trilha sonora diária.
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A lembrança me veio ao escutar o novo trabalho do grupo mineiro. Música de Brinquedo (2010) alia o bom-humor e a sutileza da vocalista Fernanda Takai à criatividade de John Ulhoa e companhia, que a acompanham tocando instrumentos infantis. Fazendo uma releitura de clássicos com saxofone de plástico, caixinha de música, xilofone colorido, pianinho, violões e guitarras em miniatura, bichinhos sonoros, tudo literalmente de brinquedo.



 
A aventura tem ainda a participação especial de três pimpolhos: Nina (filha de Fernanda e John), Matheus e Mariana. Muito fofo é ver as figurinhas fazendo caras e bocas no making of divulgado pela banda. E ainda a Nina, de seis anos, na música “Todos Estão Surdos”, dizendo que “esta frase vive nos cabelos encoracolados das cucas maravilhosas”.

Diferente e lúdico. Vale a pena conferir!



Músicas do CD:
– Primavera (Vai Chuva) (Cassiano, Sílvio Rochael)
– Sonífera Ilha (Branco Mello, Marcelo Fromer, Toni Bellotto, Ciro Pessoa, Carlos Barmak)
– Rock And Roll Lullaby (Cynthia Weil, Barry Mann)
– Frevo Mulher (Zé Ramalho)

– Ovelha Negra (Rita Lee)
– Todos Estão Surdos (Roberto Carlos, Erasmo Carlos)
– Live And Let Die (Paul McCartney, Linda McCartney)
– Pelo Interfone (Ritchie, Bernardo Vilhena)
– Twiggy Twiggy (Lalo Schifrin, Hal David, Burt Bacharach, Morton Stevens, Nanako Sato)
– My Girl (Smokey Robinson, Ronald White)
– Ska (Herbert Vianna)
– Love Me Tender (Elvis Presley, Vera Matson)